quarta-feira, 23 de agosto de 2017

A Casa das Sete Mulheres, de Leticia Wierzchowski

Resultado de imagemAutora: Leticia Wierzchowski
Editora: Bertrand Brasil
Ano: 2017 (20ª edição)
Páginas: 462
Skoob
*Exemplar recebido em parceria com a editora.
Sinopse: Durante a Revolução Farroupilha (1835-1845) — uma luta dos latifundiários rio-grandenses contra o Império brasileiro —, o líder do movimento, general Bento Gonçalves da Silva, isolou as mulheres de sua família em uma estância afastada das áreas em conflito, com o propósito de protegê-las. A guerra que se esperava curta começou a se prolongar. E a vida daquelas sete mulheres confinadas na solidão do pampa começou a se transformar. O que não está nos livros de história sobre a mais longa guerra civil do continente está neste livro de Leticia Wierzchowski, um exercício totalizador sobre a violência da guerra e sua influência maléfica sobre o destino de homens e de mulheres.

Em 1835 estourou no Rio Grande a Guerra dos Farrapos, uma revolução de caráter republicano que se estendeu por dez anos. A revolta teve como líder o general Bento Gonçalves da Silva, e ficou sob sua liderança por alguns anos até passar por outros generais e coronéis. Foi nessa guerra e em seus personagens históricos que Leticia Wierzchowski baseou seu romance de maior sucesso, que começa com o general Bento Gonçalves enviando as mulheres de sua família para uma estância afastada de todo o conflito para protegê-las. Enquanto isso, os homens da família estariam lutando pela causa dos latifundiários conta o Império.

Naquela casa afastada de tudo no meio do pampa rio-grandense, as sete mulheres (entre crianças, escravos e peões) esperam por notícias, pelo fim da guerra e pelos seus maridos e filhos, podendo apenas pedir em orações pela sua proteção. A sina dessas mulheres é esperar, e é a espera e o confinamento, além da violência e das mortes que rondam aquela estância, que aos poucos vão transformando-as e moldando seus destinos.

Uma dessas mulheres é a jovem Manuela, que possui grande sensibilidade e uma intuição muito forte, assim como suas tias. Poucos meses antes da guerra estourar ela conseguiu ver o futuro e toda a dor e todo sangue que os aguardavam; mas ela também viu a chegada daquele que seria seu grande e único amor: Giuseppe Garibaldi.
"Por que se lutava e por que se morria? Nunca hei de sabê-lo. E nenhum regime sob o céu me haverá de justificar esta guerra. Talvez por um sonho. Por liberdade. Por ela é que se luta. Como Giuseppe Garibaldi. Ele tem esse sonho e o persegue pela vida, mesmo muito longe deste Rio Grande, em outras terras ainda mais distantes de sua pátria, Giuseppe sempre lutou por seu sonho. E eu sempre sonhei com ele. Mas luto pouco, porque não tenho armas."
As relações presentes no livro, tanto familiares quanto românticas, são bastante intensas, e Leticia explora bastante essas relações no livro, sempre marcadas por perdas, por amores proibidos, segredos e mortes. Em uma casa com sete mulheres, a emoção está sempre a flor da pele, e elas sofrem, choram e imploram; enquanto os homens padecem no campo de batalha, elas vivem com uma dor diferente, mas que é capaz de matá-las, apagar o brilho de seus olhos e também enlouquecê-las.


Acompanhamos essa narrativa em terceira pessoa e também através dos cadernos de Manuela, que narra seus dias naquela estância. Os cadernos são dos dias de guerra e também de muitos anos à frente, conforme a trama vai fluindo.

Manuela, assim como muitos outros personagens e elementos do livro, são figuras históricas e protagonizaram também outros livros além das obras de Leticia Wierzchowski. Esta fez um excelente trabalho de pesquisa, e, pelo o que eu também pesquisei, foi muito fiel ao que envolve a guerra e seus personagens.
"Passou-se muito tempo, depois daquilo tudo, e tanta gente morreu, quase todos morreram... Restei eu, como um fantasma, para narrar uma história de heróis, de morte e de amor, numa terra que sempre vivera de heróis, morte e amor. Numa terra de silêncios, onde o brilho das adagas cintilava nas noites de fogueiras. Onde as mulheres teciam seus panos como quem tecia a própria vida."
Essa foi uma leitura que me causou um misto de sentimentos; por muitas vezes me vi com lágrimas nos olhos, já em outros me peguei com um sorriso bobo no rosto. Mas um sentimento se mostrou mais vezes, a angustia, acompanhando a saga dessas mulheres tão diferentes de mim mesma, e me colocando em seus lugares e sofrendo junto com elas, com cada perda e pressentimentos que tinham. Temi por cada uma.


Quando criança assisti alguns episódios da minissérie da Rede Globo baseada no livro, e foi uma nostalgia muito grande lembrar de certas cenas! Já quero assistir tudo de novo, agora com olhos adultos e depois de ter feito várias pesquisas. Tenho certeza que será uma experiência totalmente nova!

Essa não é uma leitura rápida, mas é sim muito envolvente. Em alguns dias eu lia apenas 50 páginas, já em outros eu lia 100 páginas sem pausa; o segredo é não forçar a leitura, ler apenas quando estiver afim e tentar aproveitar ao máximo cada página e cada parágrafo do livro.


Esse é o primeiro volume de uma trilogia, e para marcar o lançamento do terceiro livro, Travessia, a Bertrand Brasil fez uma nova edição dos dois primeiros, A Casa das Sete Mulheres e Um Farol no Pampa. Toda a trilogia já está nas livrarias, e com capas maravilhosas! As cores são amarelo (primeiro livro), azul (segundo) e vermelho (terceiro e último); podia ser uma coincidência, mas nada aqui foi impensado: são as cores da bandeira do Rio Grande do Sul.
"Tudo de bom e de ruim ficava para trás. As vozes, os cheiros, as lembranças, tudo se ia perdendo no limbo do tempo que passava. Havíamos vivido a História, e seu gosto era amargo, no fim."
Leitura altamente recomendada! Eu não sei o que esperar do segundo livro, mas já estou com ele aqui e pretendo iniciar muito em breve! Então aguardem, pois teremos resenha :D

12 comentários :

  1. Oi Gaby!

    Esse livro parece ser muito bom, adoro quando um autor se baseia em fatos reais para criar suas obras; aprendi pouquíssimo sobre a revolução farroupilha no colégio, infelizmente, mas sou bastante interessada nesse tema e até já li mais um pouco sobre na biografia romanceada da Anita Garibaldi. Estou bastante curiosa para fazer essa leitura pois lembro pouquíssimo sobre a história da série de TV e também por ser uma grande oportunidade para eu me aprofundar mais nessa parte tão importante da história do Brasil. Adorei a resenha!

    Beijos

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  2. Oi Gaby! Eu também lembro de assistir alguns episódios da série e ter gostado bastante. Mas tinha ficado receosa com o livro, porque disseram que não era muito bom, mas acho que é justamente por ele ser lento, né? Tem que lê-lo aos poucos. Gostei também do detalhe das capas, que cuidado maravilhoso!
    Beijos

    www.lendoeapreciando.com

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  3. Engraçado, eu vi a minissérie (creio que quase toda, perdi poucos capítulos) e ainda não li o livro. Lembro que era uma história intensa, sofrida, apaixonada e com muitas perdas. Vou guardar a dica para procurar a trilogia. Que bom que a sua experiência foi boa!

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  4. Olá
    Ultimamente e eu tenho lido diversas resenhas relacionadas a esse livro e sem dúvidas tenho muita vontade de adquirir essa edição que está tão linda e ler kkk. Acho esses fatos históricos bem legais e nunca ali um que tenha um funda nacional como é. O caso desse livro. Adorei a sua resenha e até mais ver
    Bjs

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  5. Oi, Tudo bom?
    Eu já assisti a mini séria, contudo nunca li, tenho certeza que eu também iria amar e como você seria um misto de emoções, pois gosto muito de narrativas desse tipo, além disso quando assisti na TV eu amei.
    Adorei a resenha meus parabéns.
    beijos, Joyce de Freitas.

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  6. Adoro os livros da Letícia. Como sou gaúcha tenho um carinho especial pela Casa das Sete Mulheres. Apesar de ser uma ficção ele não deixa de ser muito real, já que foi baseado nos diários da Manoela e contam a história da revolução farroupilha. A mini série foi fantástica, mas como toda a adaptação deixou muito a desejar do livro original!

    Bjos

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  7. oi, gabi, resenhei esse livro recentemente, a partir da releitura que fiz. logo devo resenhar os próximos pois amo essa saga, só não curti muito o terceiro livro. Sou encantada por esse primeiro livro e assim como você, também fiquei angustiada em várias vezes e vieram lágrimas nos meus olhos. esse é meu livro favorito de todos os tempos.

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  8. Olá!

    Lembro que a minha mãe assistiu essa série, mas não sabia que tinha um segundo livro. Interessante, mas não tenho vontade de conhecer a escrita da Leticia, pois já li outro livro dela (Sal) e não tive a melhor experiência.

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  9. Oiii!

    Eu lembro da série, mas não cheguei a ler aos livros, mas depois da resenha pretendo. E claro, essa nova edição está maravilhosa! Concordo, o segredo de produtividade é não forçar nada!
    Gostei das fotos e da resenha!

    Beijinhos,

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  10. Sou bem curiosa em ler essa obra e foi bom saber que que é uma leitura rapida e boa!
    Adorei sua resenha!

    Beijinhos!

    #Ana Souza
    https://literakaos.wordpress.com/

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  11. oie!
    Eu não sabia que era uma trilogia, e confesso que só conhecia o título da resenha. Ainda não tive a oportunidade de ler, mas ainda estou bem curiosa.
    Já li alguns livros da autora e gostei muito da narrativa.
    bjks!
    Histórias sem Fim

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  12. Olá, tudo bem? Nossa assim como você, na infância vi alguns trechos da minissérie. Sempre me foi muito recomendada a leitura, mas por medo de pegar nos clássicos, acabo sempre adiando. Também acho que pelo tema, não é uma leitura fácil ou rápida, mas para quem gosta de degustar as histórias aos poucos vai ser uma boa. Ótima resenha <3
    Beijos,
    diariasleituras.blogspot.com.br

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