quinta-feira, 11 de janeiro de 2018

Resenha || A Casa Inventada, de Lya Luft

Record, 2017 || 112 páginas || Skoob
Sinopse: Lya Luft retoma sua vertente mais literária, com sua prosa poética a compor lindas metáforas e reflexões sobre a vida Valendo-se de um gênero híbrido – mistura de romance, ensaio e autoficção –, Lya Luft traça o roteiro para a casa que se quer inventada, projetando, um a um, os cômodos, elementos e detalhes necessários a esta construção: a porta de espiar, o espelho de Pandora, a sala da família, o quarto das crianças, o porão das aflições, o pátio cotidiano, o jardim dos (a)deuses. A casa é, em um primeiro entendimento, o espaço físico, expressão de seus moradores. Mas também uma metáfora da existência: morada da família e dos afetos, da amizade e dos amores, mas também da dor, das frustações, dos traumas e até da morte, num entendimento de que tudo deve estar, harmoniosamente, ao abrigo desta casa que inventamos. Metade formada de escolhas; a outra metade, milagres.  

RESENHA ✍

Lya Luft é uma escritora e tradutora brasileira. Entre suas obras mais conhecidas estão Perdas e Ganhos, O Tigre na Sombra e O Tempo é um Rio que Corre, todos publicados pela editora Record. Como tradutora, Luft trouxe para o português autores como Virginia Woolf e Thomas Mann, e também livros de não-ficção, recebendo prêmios importantes na área. Mais de vinte obras literárias depois, Lya Luft continua escrevendo e tendo seus livros traduzidos para vários idiomas.

A Casa Inventada é seu livro mais recente, publicado pela Record em 2017. O livro, que se encaixa em vários gêneros, é um pouco romance, um pouco ensaio e carrega algo de autoficção, trazendo uma personagem que lembra e muito a vida da própria autora quando criança.
"Aqui não faço autobiografia, nem falo só em terceira pessoa: lembranças, incertezas, coisas que flutuam como destroços num mar revolvido pelas correntes da ficção. Ora escrevo como eu, ora como uma criatura que me espia nos espelhos, e que aqui chamarei Pandora. Mais tarde direi como ela me chama."

E a autora vai, assim, montando uma casa junto ao leitor. As portas, a sala de estar, o quarto das crianças, o porão... Aos poucos construindo um lar, apresentando personagens que ali vivem, convivem e, uma hora ou outra, morrem. Ao construir essa casa, Lya Luft faz uma homenagem à vida, as relações e, especialmente, à infância, com uma personagem que vive questionando tudo, com sede por conhecimento, e pouca vontade de fazer coisa além de ler, sonhar e imaginar.


É um livro muito poético, doce e sensível, repleto de metáforas e muitas reflexões que levam o leitor a imaginar, tendo uma narrativa tão visual, cada detalhe que vai tomando forma nessa casa enquanto as pessoas dessa família vão crescendo e se transformando também. É um livro por vezes fantasioso, com aquela inocência da infância, a fase de descobertas, a fase das perguntas; seguindo pelas diversas outras fases da vida, pelas quais passamos e sobrevivemos.
"Com o tempo, tantos adeuses fazem da alma uma espécia de renda - não necessariamente feia, mas melancólica. Podemos celebrar com espumante ou lágrimas, ou risos bons, o movimento dessa engrenagem de que somos parte, e que, apesar dos adeuses, se chama - mais do que morte - vida."
São 112 páginas, mas o livro transborda sentimentos. Foi meu primeiro contato com a escrita da autora e tenho certeza que não será o único! A edição é simples e linda, com detalhes em alto-relevo na capa e conteúdo livre de erros de revisão.

Você já leu alguma obra da Lya? Qual você recomenda?

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